Mike me mostrou a lanchonete, os banheiros, a biblioteca e mais um monte de lugares do colégio. O que eu não estava entendendo era o porquê ele estava agindo dessa forma comigo, tão atencioso e prestativo. Notei que ele estava um tanto quanto nervoso e eu não ajudava por quase não falar nada.
Fomos a uma espécie de jardim, lugar onde os alunos de biologia tinham aulas práticas, e chegando lá o Mike me perguntou o que tinha achado do ‘tour pelo colégio’ e com um sorriso tímido respondi que tinha gostado da escola, muito espaçoso, parece que os alunos se divertem muito por aqui.
Ele me disse que os jogos para abertura do ano letivo iriam iniciar nas próximas semanas e que teria que ficar treinando no turno contrário, me convidou para assistir os treinos e até me emprestou o caderno para eu atualizar o conteúdo.
O sinal do último horário já tocara e estava na hora de irmos para casa. Despedirmos-nos com um aperto de mão e um abraço firme que durou um pouco mais do que o ‘normal’. Ele me disse que caso eu quisesse, poderia ficar para ver o treino e eu bem que queria, mas estava mesmo era a fim de ir para casa ver meus pais.
Indo para casa com a Camila, uma colega de sala muito simpática que também mora próxima a mim, ela me perguntou se poderia me fazer companhia de ida e volta do colégio e eu disse que sim, seria um prazer. Chamou-me para conhecer a cidade, os lugares onde os jovens costumam ir. Chegamos na frente de casa e eu não estava a fim de convidá-la para entrar, fui logo despedindo e disse que a esperaria no outro dia para irmos juntos para aula.
Abri a porta de casa e meus pais perguntaram como tinha sido meu dia no novo colégio, quem era a colega que me deixou em casa e mais um monte de coisas, respondi que tinha gostado e que a Camila era um colega de sala. Meus pais gostaram quando disse que iria me adaptar ao lugar mais rápido do que eu esperava. Era notável o ar de bem-estar nas expressões deles pelo novo trabalho, iriam receber aumento salarial e muitas vantagens por terem mudado para cá.
Minha mãe me chamou para fazer compras e meu pai para ir a uma visita na casa de um colega que já conhecia aqui na cidade, mas preferi ficar em casa copiando as matérias que tinha perdido, tomei banho, almocei e fui descansar um pouco. Deitado na cama, foliei o caderno do Mike e encontrei uma foto linda dele, sorriso fascinante e muito atraente, e por alguns instantes eu temi em gostar dele. Deveria ter ficado para o ver treinando – Pensei alto.
Sete horas da manhã e a Camila grita meu nome no portão, estava sentindo um friozinho na barriga e mal podia esperar para ver o Mike. Fomos conversando até a escola, ela me perguntou o que eu estava achando dos novos colegas e dos professores. Ousou até me perguntar se eu estava a fim de alguma menina do colégio e sorrindo eu disse que não. Não queria deixa-la sem graça.
Chegando à escola alguém grita pelo meu nome – Pedro. Como eram poucas pessoas sabiam do meu nome, me virei procurando quem tinha me chamado, e claro, ele, com os cabelo molhado e com o sorriso estampado no rosto veio me cumprimentar. Pronto para mais um dia de aula? - Sim estou – Respondi.
As carteiras das salas de aula eram organizadas para sentar em duplas e a Camila pediu para que eu sentasse com ela. Mike olhou-me acenando para que eu não me sentasse e acabou entendendo a situação. Passei todos os horários ao lado da Camila, ouvindo ela me falar dos seus ex-relacionamentos e das cores de esmaltes que combinariam com roupas que ela tinha comprado ontem no shopping.
Ao término da aula, Mike me perguntou se eu estava a fim da Camila ou se ela estava a fim de mim. Disse que ela tem me olhado com 'outros olhares'.
Caminhando para casa, Mike, Camila e eu, ela perguntou a ele o porquê de estar indo para casa aquela hora, a final de contas, teria treino após as aulas e ele respondeu – É que eu fiquei de fazer o trabalho de geografia com o Pedro. Eu achando aquele papo estranho decidi apenas os ouvir e concordar com o Mike em tudo que ele dizia.
Na frente da minha casa, querendo já que a Camila fosse embora, ela tinha me perturbado o tempo todo no colégio com o assunto dos esmaltes. Notei que o carro dos meus pais não estava na garagem, fui logo convidando o Mike para entrar, e a enfurecida Camila foi embora combinando comigo o horário de passar na minha casa no outro dia.
Entramos em casa, deixei a mochila no sofá e o Mike ficou parado na porta quieto me olhando enquanto eu fazia algumas perguntas bobas a respeito da Camila, ele me respondia apenas ‘sim’ ou ‘não’. Pediu-me um copo com água, e depois de voltar da cozinha, estendi a ele o copo, Mike segurou firme na minha mão, deixou o copo sobre a mesa de centro e olhando firme nos olhos, sem dizer nada, me abraçou e me beijou.
Kayran Yiuckatã