sexta-feira, outubro 21

Mundo dos loucos


Daqui de dentro eu enxergo o mundo dos humanos, fumaças de poluição se misturam com o branco das nuvens, nas prateleiras tem escrito ‘vende-se felicidade’ e os ricos fazem longas filas tomando cuidado para não amarrotar suas roupas. 
Eu risco uma linha e imagino o trem da felicidade cruzar a fronteira de países que estão em guerra. 
Entre no meu mundo onde nem mesmo eu sou bem-vindo. Sorria sem ter do que ter graça e eu te farei suspirar quando minhas mãos estiverem passando pelo seu corpo, e então perceberás que eu vivo em um mundo louco. 
É estranho, homossexual comandando um país preconceituoso e o negro rindo no meio dos norte-americanos como se ambos fossem normais. 
Divirto-me muito estando aqui, onde as fadas voam de um lado para o outro e até mesmo o Gato-de-botas me visita todos os dias. A revolução dos que se acham inteligente me enviaram por correio um convite de um casal heterossexual que será guilhotinado em praça publica por beijarem na frente de crianças. 
Eu acendo um cigarro e deixo-o queimando na minha mão para a angustia que está dentro de mim possa vazar. Vejo que viver entre os extremos é bem melhor do que aqueles que se arrumam bem e morrem de fome apenas para mostrar que tem corpos bonitos e são frágeis por dentro. 
Eu sinto um músculo másculo entrando em mim e me fazendo sorrir sem malícia, e quando os tambores tocar eu verei os dias de glória porque viver na liberdade que vivo é o que todos gostariam. 
Evangélicos e católicos conversam entre si sem terem medo de irem para o inferno, os filhos amam os pais e os avós. Sorria e venha conhecer esse mundo onde os mais jovens dão preferências aos mais velhos e todos vivem bem simplesmente por serem quem são. 
Na primeira vez que beijei um garoto senti partes do meu corpo gritando de medo e seu beijo me fez cuspir logo em seguida, e enquanto isso deixei o cigarro queimar. 
Entre nesse mundo onde nem mesmo eu sou bem-vindo, onde as fantasias existem, as pessoas preferem o transporte coletivo e onde bandidos são presos por jogarem papel de balinha no chão. 
Quando entrei aqui, não quis mais sair... Enquanto você estiver de joelhos na minha frente lambendo meu órgão, pedirei que não olhe para cima e pergunte meu nome, apenas sinta o doce na sua boca e feche os olhos para sua imaginação rolar sem limites. E assim serás bem-vindo no mundo dos loucos.

Kayran Yiuckatã

domingo, outubro 16

Posso te ligar?


   Penso em te ligar para tocar e desligar antes de você atender, de deixar meu nome aparecer no visor do seu celular e ouvir sua voz ou ligar confidencialmente e apenas te ouvir falar. A forma com que me lembro das nossas aventuras me faz perceber o quanto longe estive de você mesmo estando ao meu lado. Na verdade eu queria ter estado mais dentro de você. Sei seu número de co, já digitei mais de vinte vezes e não tive coragem de chamar. Penso em te ligar para rir com você e saber como estás. Deixe-me te ouvir e sentir mais uma vez sua doce e desajeitada voz nos meus ouvidos. Estou sempre próximo de ti e nem sabes. O café que tomamos naquela padaria na manhã fria de domingo em Brasília, as mesmas músicas que tocavam no seu carro, suas piadas quebra-gelo, seus abraços e gemidos, me deixam com mais vontade de falar com você. Você disse que eu poderia ligar em qualquer hora, mesmo de madrugada, será que ainda posso?

Kayran Yiuckatã

terça-feira, outubro 11

Saudade do futuro


   Quando olhei as estrelas ontem à noite, me veio em mente os sorrisos inocentes que compartilhamos. Eu gosto de sentir saudade do futuro que não teremos juntos e enquanto isso as minhas lágrimas se misturam com as gostas que caiu do céu e molha a janela do meu quarto. E só de pensar que já tocamos as estrelas do céu, e hoje, todas elas lá em cima mostra-me o quanto estou solitário aqui em baixo. Enquanto lembro-me dos seus risos, um sorriso naturalmente se forma em meu rosto, mas isso não é o suficiente para amenizar a dor do quanto me sinto só agora! E eu ainda sim, lembrarei do quanto fui feliz até que a chuva caia para velar a minha dor. Valeria à pena ter lutado mais, mas fiquei com medo de eu te fazer menos feliz do que com quem você está agora. Semana passada vi sua áurea passeando pela rua. Não irei desistir de você, mas não irei lutar mais por isso, e as boas memórias que me restam não são suficientes para amenizar a dor do quanto me sinto só...

Kayran Yiuckatã

sexta-feira, outubro 7

Mike e eu (Parte 3)



Não demorou muito para eu ouvir a buzina do carro, Mike e eu nos despedimos com um forte abraço e alguns beijos e fomos abrir o portão para os meus pais que também cumprimentaram a visita que trouxe para casa, e que já estava de saída. 

Minha mãe me alertou para não trazer estranhos para dentro de casa e eu a expliquei quem era o Mike, falei tão bem dele e das coisas que ele faz que até ela pediu que ele viesse me fazer companhia mais vezes e meu pai disse que conhecia os pais dele, na verdade o pai do Mike é o amigo que meu pai tinha visitado a uns dias atrás. 

Meu pai teve que resolver uns problemas do trabalho e minha mãe e eu aproveitamos para passar à tarde no shopping. Passemos de um tanto, ela ama fazer compras, na verdade eu tinha gostado mais ainda, já que tinha comprado muitas roupas novas para mim. Chamamos um taxi para irmos para casa e passamos pela frente da escola e vimos o Mike entrando no portão. Pedi para o taxi parar que eu fosse ficar para ver o treino do time de futebol, avisei à minha mãe. 

Repentinamente eu cheguei e fui direto para quadra para ver o menino mais lindo do time jogar, é muito bom nos dribles e realmente é um ótimo jogador. Ele nem tinha notado minha presença até o fim do jogo. Quando o treinador apitou o fim do treino e as meninas histéricas começaram a gritar foi que o Mike me viu. Muito suado e com vergonha, ele veio se aproximando e estendeu a mão a mim. Cumprimentou-me e ficou sem graça pelo ocorrido lá mais cedo. Pediu que eu o esperasse tomar banho para que ele me levasse para casa, e eu esperei. 

Depois de pronto, caminhando para casa, Mike me perguntou o que eu achava dele e dos sentimentos que eu claramente enxergava que ele tinha por mim e eu vergonhosamente respondi que correspondia todo esse sentimento. Alguns instantes em silêncio, ele disse... “Que bom, agora só preciso conhecer mais da sua mãe, já que conheço o seu pai!”. Eu nem sabia que ele conhecia o meu pai e como minha mãe tinha gostado do Mike, ficaria mais fácil manter uma relação mais próxima com ele. 

Chegamos em casa e eu fiz uma melhor apresentação do Mike à minha mãe, e enquanto eles conversavam eu fui tomar um rápido banho. Quando retornei, notei que eles estavam rindo de algo e quando cheguei à sala, lá estavam eles vendo uma fita de vídeo de uma apresentação que eu tinha feito segunda série... Minha mãe gosta de fazer essas coisas comigo! O Mike, gentil que é não me deixou ficar desconfortável com o vídeo e logo foi se despedindo já que era tarde. A dona Patrícia pediu para que ele ficasse mais tempo ou que era para ele vir mais vezes. 

Foi o Mike sair na porta para meu pai chegar com o seu amigo, pai do Mike. Todos eles se cumprimentam e disseram que iriam para uma festinha com o pessoal do trabalho, minha mãe ficou toda animada com o convite de ultima hora e logo foi se arrumar para sair com meu pai e o pessoal do serviço. Incrível como o Mike se dar bem com meu pai, que pediu que se ele quisesse ficar para me fazer companhia, a mãe e a irmã do Mike também não estariam em casa e o Sr. Roberto, pai do Mike, concordou com a idéia e disse que se ele quisesse, poderia ficar. 

Minha mãe ficou pronta e menos de vinte minutos e ela estava linda, não era uma festa formal e logo me passou pela cabeça que eles logo estariam de volta. Todos se despediram e se foram. 

Sós em casa, ele colocou o MP3 para tocar no aparelho do meu quarto, as músicas românticas da Nicole Scherzinger acalmaram o suar das minhas mãos. Com as luzes apagadas, ficamos ouvindo músicas abraçados e deitados na cama.

Continue...

Kayran Yiuckatã.

domingo, outubro 2

Não solte a minha mão


Quando a última folha do outono cair 
E seu olhar me transmitir sinal de fraqueza 
Sem muito com que se preocupar 
E com vontade de gritar 
Aconteça o que acontecer 
Não solte a minha mão 

Estarei aqui mais próximo do que você possa notar 
Dentro do meu coração tem um espaço que é só seu 
A dor da segunda-feira pode vir sobre você 
Mas alegria da sexta-feira à noite 
Encontrarás em mim 
Não solte a minha mão 

Quando a chuva de dezembro cair 
O frio de março te abraçar 
O calor de setembro te fazer transpirar 
E as dúvidas da vida estiverem sobre você 
Eu direi o mesmo 
Não solte a minha mão 

Quando suas dores vierem 
Seu fascinante sorriso não ter mais a mesma energia 
O seu coração pode não mais sentir o mesmo por mim 
Eu sempre estarei do seu lado 
Mesmo quando achares que não precisará de mim 
Ainda sim, vendo sua fraqueza 
Não solte a minha mão 

Não tenha medo do dia de amanhã 
A felicidade você encontrará em mim 
O que sinto por você é tão grande 
Sinto que às vezes você não nota isso 
E aconteça o que acontecer 
Não solte a minha mão!

Kayran Yiuckatã