sábado, fevereiro 18

Salva-me de mim mesmo


Precisei parar algumas vezes depois de tanto andar em uma caminhada quase sem fim, pensei em desaparecer do mapa através de uma corda enrolada no tronco de uma árvore, em entrar em um riacho profundo e não ter mais fôlego para voltar a respirar, tive que erguer algumas vezes as mãos para o céu e pedir ajuda para que Deus me desse força. 
Penso se existe alguém que possa me dar atenção esta noite, alguém que faça parar essa música alta do silêncio que fica nos meus ouvidos. 
Enquanto faço mais uma parada andando em direção contrária ao movimento do resto do mundo, eu aperto meus punhos com muita força tentando fazer com que meus pensamentos negros não tomem conta de mim por completo. 
Preciso salvar eu de mim mesmo, das batalhas que lutei e das lutas que nunca venci, dos saltos que dei e sempre caí. Será que existe mesmo esperança para alguém que não consegue erguer a cabeça e enfrentar suas próprias dores? 
Peço que parem o tempo para que eu possa ter a oportunidade de me levantar sem mais uma vez cair. Onde estão minhas ‘mãos amigas’ nesta hora? 
Eu suplico aos Céus que me salve de uma vez, que me dê forças para salvar-me de mim mesmo. Eu já não mais aguento esses olhares de pena para mim, de ter que abaixar a cabeça com o semblante de inferioridade para aqueles que zombam de mim. 
Quando grito, não existe ninguém que possa me dar à atenção que espero e esse sorriso que levo em meu rosto se faz necessário ser carregado por uma bateria de horas na cama. 
A dor me visita algumas vezes e eu tento não deixá-la entrar, eu aperto fortemente o punho fazendo criar forças para poder tentar salvar eu de mim mesmo. 
É chegado à hora de me levantar e continuar a caminhada, afinal de contas eu preciso enganar o meu coração esperançoso que ansioso não ver a hora dessa caminhada no deserto acabar.

Kayran Yiuckatã